11 abril 2012

ECG: MÓDULO II DERIVAÇÕES ELETROCÁRDIOGRÁFICAS E O EIXO ELÉTRICO


ATIVAÇÃO CARDÍACA:

A ativação ventricular para propósito didático pode ser representada como um vetor inicial pequeno da esquerda para direita no septo interventricular seguido por um vetor grande da direita para esquerda que representa a ativação da parede livre do ventrículo.


AS DERIVAÇÕES:
            Para podermos analisar corretamente estes vetores é necessário termos um ponto de referência para observa-los , que seja padronizado e em posicionamento prático.
Consideraremos que o coração tem apenas dois planos :o FRONTAL e o HORIZONTAL e a partir daí colocaremos nossas referências para observar a ativação do coração.
O PLANO FRONTAL:
            O plano frontal foi o primeiro a ser analisado utilizando como referência os membros :braços esquerdo , direito e perna.
1)BIPOLARES: Foram a base do sistema de orientação vindo a formar as derivações padrões: DI,  DII , DIII.

O sistema é simples ligando sempre dois membros: 
DI- braço direito +braço esquerdo   DII- braço direito +perna   DIII- braço esquerdo +perna

Através disto criaremos um triângulo equilátero chamado o Triângulo de Einthoven:



UNIPOLARES:O segundo ponto de referência do plano frontal também usa os membros porém como só um dos pólos ligando a um ponto nulo hipotético. Este ponto nulo é considerado no infinito aumentando ao máximo a representação gráfica destas derivações(AUMENTADAS-A).
AVL- Braço esquerdo aumentado
AVR- Braço direito aumentado
AVF- Perna aumentada

Inserindo estas no triângulo Eithoven temos:

Unindo as bipolares e unipolares temos formado o sistema de referência do plano frontal do eletrocardiograma:

O PLANO HORIZONTAL :
Este plano esta a 90O do plano frontal passando pelo tórax na região precordial. Temos pontos de referência específicos os quais são:
V1-no 4o EIC. à direita do esterno
V2-no 4o EIC à esquerda do esterno
V3-no entre V2 e V4
V4-no 5o EIC na linha hemiclavicular
V5-no 6o EIC na linha axilar anterior

V6 no 5o EIC na linha axilar média

Estas derivações são ,como já dito , orientadas através do tórax:


Por estarem mais próximas ao coração sua voltagem será sempre maior do que as do plano frontal e o QRS terá uma evolução padrão de V1 a V6 aonde veremos o crescimento do R e a diminuição do S . Sendo que as derivações direitas(V1,V2,V3) “verão” a ativação septal(1o vetor)vindo em direção a elas(positivo) e o vetor de parede livre de VE (2o vetor)se afastando. O oposto ocorrera com as orientadas para a esquerda(V4 , V5 , V6).


O EIXO ELÉTRICO:

Considerando que o vetor do ventrículo resultante seria a soma dos outros com orientação da direita para esquerda poderemos calcular seu eixo no plano frontal em relação ao corpo.(O plano horizontal também pode servir ao cálculo do eixo mas na prática não é utilizado).O eixo normal é entre –30O e +90O .

Para este cálculo construiremos primeiro um orientador usando todas as derivações já vistas do plano frontal:





Existem basicamente duas formas de se calcular o eixo. Primeiro precisamos entender que o vetor , como já explicado no módulo I aparecerá positivo quando orientado na mesma direção da derivação observadora , e será cada vez maior , quanto mais paralelo for desta até se tornar isodifásico ( positivo /negativo) quando estiver perpendicular a esta. Ao se afastar será negativo e quanto mais paralelo for o afastamento mais negativo será.


\
Assim basta procurarmos a derivação mais isodifásica do plano frontal , está deverá ser a mais perpendicular, após acha-la basta ver quem é a que perpendicular a esta e consequentemente esta será a mais paralela , ou seja o real ângulo do vetor resultante.


EX.:
1)
Observando a figura nota-se que DI é isodifásico assim é só procurar quem é perpendicular a este,no caso AVF assim o eixo esta “em cima” de AVF-90O .

2)
Nesta a derivação mais isodifásica é DIII assim a perpendicular a esta é AVR assim o eixo esta nela que alem de tudo é negativa por o eixo estará em sua fase negativa que é em +30o Não precisamos olhar nem se AVR é positiva ou negativa (a figura inclusiva não mostra ) mas sabemos que DII e DI são positivas assim a direção do vetor tem que ser para sua fase positiva que cai na fase negativa de AVR.

3)

Neste caso a mais isodifásica é AVF e sua perpendicular é DI assim o eixo cairá em DI ou seja a 0o .


4)

No exemplo 4 a mais iso é em DII e sua perpendicular é em AVL sendo o eixo em cima desta ou seja –30o .

5)


            Neste exemplo a mais iso é em AVR e sua perpendicular é em DIII que é negativa assim o eixo irá cair em sua fase negativa ou seja em –60o .(esta eixo já está fora da normalidade existe um desvio para esquerda).

6)

Neste exemplo não conseguimos achar uma derivação mais isodifásica assim poderemos usar dois métodos no primeiro veremos quem mais se aproxima de ser iso o que no caso é DII porém notamos que ela é mais negativa do que positiva.Se ela fosse totalmente iso estaria o eixo em AVL o que daria –30o mais com ela é mais negativa teremos que “caminhar”para seu lado mais negativo ou seja em direção a DIII porém sabemos que ela não passará de DIII pois quem é perpendicular a esta é AVR que é mais negativo.Com isto o eixo se localiza entre DIII e AVL –entre
30o e –60o uma boa aproximação seria considerar em –45o .
O segundo método é feito por etapas :
1o )vemos em qual quadrante o eixo se encontra:

DI sendo positivo ela terá que ser entre 90o e-90o para o lado positivo de DI
Também sabemos que AVF é negativo assim limitamos o eixo entre 0o e –90º


As derivações que o passam neste quadrante são DIII e AVL assim para saber se o eixo esta acima ,abaixo ou em cima de uma delas precisamos ver as suas perpendiculares –AVR e DII respectivamente

Sendo AVR negativo o eixo estará “para baixo de DIII(>-60o )e sendo DII negativo o eixo estará “para cima”de AVL(<-30 b="">o ).Assim chegamos a mesma conclusão que o eixo está entre –30o e –60o ( ou por aproximação em 45o )


Existem ainda situações em que não conseguiremos determinar o eixo(raramente)pois o vetor resultante tem uma orientação que sai do plano frontal chamamos este eixo de indeterminado.

Exemplo de um eixo indeterminado:

Vemos que todas as derivações estão isodifásicas assim não temos nenhuma perpendicular ou paralela não podendo calcular este eixo no plano frontal.
 
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